Essa vela que se inclina para a luz,
cansada de ilhas,
uma escuna que avança para o Caribe
rumo a casa, poderia ser Ulisses,
confinado ao mar Egeu;
esse pai e marido ansiado,
sob as vinhas ácidas e nodosas, é como
o adúltero que ouve o nome de Nausica
em cada grito de gaivota.
Isto não traz paz a ninguém. A velha guerra
entre obsessão e responsabilidade
nunca acaba e tem sido sempre a mesma
para o vagabundo dos mares ou para o que na praia
agora calça as sandálias e regressa a casa,
desde que Tróia exalou a última chama,
e a pedra do gigante cego agitou os fundos
de cuja vaga os grandes hexâmetros subiram
para findar em exausta rebentação.
Os clássicos podem consolar. Mas não o bastante.
Derek Walcott, Santa Lucía, Caribe (n.1930), tradução de Soledade Santos