Regresso a um lugar iluminado por um copo de leite

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Noite dentro as nossas mãos deixam o trabalho.
Repousam abertas com rastos de animais
Que atravessam a neve fresca.
Não precisam de ninguém. Rodeia-as a solidão.

À medida que se aproximam, e palpam,
São como dois pequenos regatos
Que ao entrarem num rio largo
Sentem a atração do mar distante.

O mar é um aposento remoto no tempo
Iluminado pelos faróis de um carro que passa.
Um copo de leite cintila sobre a mesa.
Só tu podes trazê-lo até mim.

Charles Simic (Jugoslávia, n. 1938), tradução de Soledade Santos

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Solidão

Ali, onde a primeira migalha
Cai da mesa
Pensas que ninguém a ouve
Tocar no chão.
Mas algures já
As formigas estão a pôr
Os seus chapéus de Quacker
E se preparam para te visitar.

Charles Simic, Sérvia-EUA, n. 1938, tradução de Soledade Santos
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